Com a preocupação latente do setor em relação ao necessário aumento da produção de alimentos nos próximos anos devido ao crescimento populacional, a busca por novas opções de produtos tem sido objeto de investimento de muitas empresas. A busca de soluções sustentáveis em proteínas tem agitado o setor de alimentos e bebidas.
Durante a Food ingredients South America (FiSA) 2024, a Angel Yeast, com mais de 30 anos de atuação e presença em 160 países, apresentou sua inovação em proteínas de levedura. No Summit Future of Nutrition, Adriana Fuchs Ramos, gerente comercial e de produto, destacou como a empresa está liderando o mercado com soluções veganas e sustentáveis.
A Angel Yeast, uma gigante global com 12 mil colaboradores e 16 mil plantas de produção, apresentou sua proteína de levedura, produzida a partir de Saccharomyces cerevisiae. Utilizando melaço de cana-de-açúcar ou beterraba, a proteína fermentada é 100% natural, sem glúten e não geneticamente modificada, com um perfil de 80% de proteína e todos os aminoácidos essenciais.
A inovação da Angel aborda a crescente demanda global por proteínas e a necessidade de alternativas sustentáveis devido ao aumento populacional e à escassez de recursos.
A empresa destaca que sua proteína de levedura tem uma das menores emissões de carbono comparadas a outras fontes como soja e carne bovina. Além disso, a empresa promove práticas sustentáveis, incluindo o reuso de água na produção.
De sabor neutro, proporciona diversas aplicações alimentícias, desde produtos lácteos e bebidas até snacks e alternativas a carnes veganas, a proteína de levedura oferece soluções diversificadas.
“A aceitação da proteína de levedura é comprovada por pesquisas com o consumidor. O produto também é direcionado aos veganos e, consequentemente, aos vegetarianos. Uma parte importante é que não temos uma barreira regulatória. Todos os ingredientes são isentos de registro” - Adriana Fuchs Ramos, gerente comercial e de produto da Angel Yeast.
O estande da Angel na FiSA disponibilizou aos visitantes explorar mais sobre as soluções da empresa em sabor, proteína e nutrição. Além disso, a equipe está pronta para esclarecer dúvidas e compartilhar materiais sobre a nova proteína vegetal, reafirmando o compromisso da empresa com inovação e sustentabilidade no setor alimentar.
Alimentação à base de micélio
Uma alternativa às proteínas animais e vegetais que ainda é vista como novidade e pode impactar na saudabilidade da população e do planeta é a aquela produzida a partir do reino fungi. A palestra “Micélio em Destaque: O Futuro dos Alimentos com a Tecnologia MUSH BASED Brasileira” apresentou uma fonte de alimentação à base de micélio (fungos comestíveis).
Paulo Ibri, CEO da foodtech Typical, explicou que a Typical trabalha com micélio, uma estrutura natural dos fungos, que proporciona uma nova fonte de proteína e fibra. A empresa é responsável por desenvolver o primeiro produto mush-based do Brasil.
Este ingrediente é produzido por meio de fermentação líquida, que tem se mostrado mais eficiente e rápida comparada a processos semelhantes na Europa e nos EUA.
Com o crescimento populacional e a necessidade de novos alimentos, a Typical busca oferecer soluções que atendam tanto a demanda por proteínas quanto às preocupações ambientais.
A empresa utiliza resíduos da indústria alimentícia para alimentar seus biorreatores, promovendo a economia circular e reduzindo a pegada de carbono e hídrica.
Paulo detalhou dois principais produtos da Typical: a biomassa fresca e o micélio em pó.
A biomassa fresca, com textura semelhante ao frango desfiado, é ideal para alimentos como análogos de carne e produtos híbridos. Já o micélio em pó é utilizado em produtos de indulgência, como cookies e chocolates, oferecendo benefícios nutricionais sem comprometer o sabor.
A Typical também está desenvolvendo a primeira proteína concentrada de micélio para suplementação e nutrição esportiva, prometendo uma concentração muito maior de proteína com um paladar aprimorado.
Sabor e indulgência
Paulo Ibri conta que a proteína de micélio pode ser “misturada” com a proteína de origem animal, ajudando, por exemplo, a reduzir o consumo de carne sem abrir mão do quesito sabor.
“Falando do consumidor híbrido, especificamente, nós estamos mirando no carnívoro, que, na maioria dos casos, topa reduzir o consumo de carne, porque ele entende que comer carne todo dia não é extremamente saudável. Porém, o carnívoro tem muita dificuldade de abrir mão do quesito de prazer, de indulgência. Então, tentamos equilibrar o melhor dos dois mundos” - Paulo Ibri, CEO da foodtech Typical.
“O micélio reduz em 50% a gordura, por exemplo, e, ao mesmo tempo, não afeta a questão de indulgência. A textura fica idêntica à da proteína animal e o sabor também, pelo produto ser muito poroso e absorver o sabor e imitar a textura da carne”, afirmou Ibri.
Na mesma toada de redução de impactos na saúde e no meio ambiente, a palestra “Tecnologia Microcap: Estabilidade e Eficiência em Cristalização Lipídica”, realizada por Lilian Missura, da área de marketing da Kerry, mostrou como a indústria pode reduzir o uso de gordura saturada em alimentos sem comprometer o sabor.
A tecnologia da Kerry libera cristais de gordura microencapsulados uniformemente quando em contato com gordura trans free e de baixa saturação, atuando como sementes de cristalização. A solução visa atender às demandas do consumidor e da indústria de alimentos por produtos mais saudáveis e saborosos.
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