Uma pesquisa realizada no Brasil e no exterior apontou que um terço dos consumidores está interessado em alimentos com prazo de validade maior. Isso porque produtos com maior durabilidade podem atender as necessidades das pessoas por mais tempo e estão menos sujeitos ao desperdício e os vários problemas que dele surgem, como ineficiência na cadeia e desperdício de matéria-prima.
Os dados são de um estudo encabeçado pela Kerry, companhia do ramo de ingredientes, em colaboração com a C+R Research, Qualtrics e Wageningen University & Research (WUR), e envolveu 5.154 consumidores em 10 países. Além do Brasil, participaram da pesquisa Estados Unidos, Reino Unido, México, França, Tailândia, África do Sul, Alemanha, Austrália e Canadá.
Além disso, quase três quartos dos entrevistados apontaram que os conservantes são importantes na hora de comprar alimentos porque ajudam a evitar o desperdício, sendo que a maioria das pessoas prefere que esses ingredientes sejam naturais.
Conservantes naturais
Segundo os dados, 82% dos entrevistados têm grande disposição de adquirir produtos cujos ingredientes sejam naturais, enquanto 50% topam consumir os artificiais. Porém, na prática, o que se vê ainda é uma aceitação muito maior aos conservantes artificiais, segundo o estudo. Ou seja, por negação ou falta de conhecimento, as pessoas ainda consomem mais conservantes artificias do que admitem.
A vice-presidente de Marketing da Kerry para a América Latina, Virginia Traldi, destaca que, hoje, as pessoas compreendem o papel dos conservantes nos seus alimentos e, sejam naturais ou artificiais, não os encaram como substâncias necessariamente prejudiciais.
“Os consumidores acreditam que os conservantes são importantes nos alimentos que compram. Desde estender e manter a qualidade ao longo do prazo de validade até garantir que os produtos sejam seguros para consumo”, afirma.
O bom papel que os ingredientes conservantes cumprem aos olhos da sociedade está associado principalmente às soluções para dois segmentos fundamentais para a garantia da segurança alimentar: o de produção de proteína animal e panificação. “A tendência é garantir a segurança dos produtos com rótulo limpo ou ingredientes conhecidos do consumidor como vinagres especiais, por exemplo”, explica a executiva.
Relacionado: Consumidores atentos ao desperdício exigem posicionamento da indústria
Redução de desperdício não é só questão ambiental
Ainda segundo a pesquisa da Kerry, 98% dos entrevistados trabalham ativamente para minimizar o desperdício de alimentos no seu dia a dia. Um dos motivos que têm impelido os consumidores a agir nesse sentido é a preocupação financeira relacionada ao gasto com comida e bebida.
Segundo a FAO (agência da ONU voltado ao tema da produção e distribuição dos alimentos), em março de 2022 o índice de preços dos alimentos, medido em termos reais, alcançou seu máximo nível histórico na América Latina. “Embora o índice de preços dos alimentos da FAO tenha baixado nos últimos sete meses, ainda está 14% mais alto do que o registrado em 2021”, disse Mario Lubetkin, Subdiretor-Geral e Representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, ao final de 2022.
Além da questão da falta de alimentos e da inflação relacionada ao setor, considerações ambientais é outro fator que impulsiona a necessidade de reduzir o desperdício. “Alimentos desperdiçados são dinheiro e energia desperdiçados para nossos clientes, consumidores e o planeta. Melhorar a vida útil é um tema de alta relevância, que impacta e influencia na formulação de produtos”, diz a VP da Kerry.
Relacionado: Conheça as iniciativas da Kerry para evitar desperdício de alimentos ao longo da cadeia
Desafios para aumentar a validade do alimento
Em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos, os desafios para aumentar o tempo de validade dos alimentos passa por garantir a segurança alimentar, as características do alimento, como sabor, textura e odor, além da manutenção da qualidade nutricional.
“Esses aspectos devem ser considerados quando pensamos em soluções de preservação de alimentos, visando ‘alargar’ o momento de consumo, evitando assim o desperdício alimentar”, acrescenta Virginia.
Segundo a especialista, por volta de um terço dos alimentos produzidos anualmente para o consumo humano se perde ou é desperdiçado por motivos variados, incluindo principalmente os pontos mencionados.
Confira a pesquisa na íntegra.
LEIA MAIS
- 3 Soluções essenciais para evitar as crises alimentar e ambiental num mundo com 10 bilhões de pessoas
- “Indústria já tem meios eficientes para reduzir desperdício de alimentos e combater a fome”, diz executivo da Kerry
- Food waste: Q&A FiSA aborda o papel da indústria
- Gerenciamento de perdas na cadeia de produção
- Deterioração de alimentos: desafios para as indústrias alimentícias no Brasil